LIVRO PERNAMBULANO, SIM SENHOR! PARTE 7

on sexta-feira, 30 de outubro de 2020

 


UMA LUZ, UM SORRISO, UMA ESPERANÇA

 

            Nascia em 25 de junho de 1925 ELÓDIA NOBRE PEREIRA, filha de Simplício Olavo de Araujo Pereira e Olívia Nobre, possui todas as boas qualidades da espécie humana. Tem que ser criado em novo adjetivo na língua portuguesa para sintetizar todas estas qualidades.

            Nunca se preocupou consigo mesma, tendo no bem do próximo sua maior preocupação. Devido seu amor extremo pelo semelhante, nunca se casou.

            Católica fervorosa, de uma fé inabalável, passou sua infância e adolescência como toda menina da sua idade. Gostava de poesia e de representar, tendo nas suas primas, filhas de Silvia Nobre suas grandes companheiras de diversões.

            Quantos primos, sobrinhos e parentes ela não preparou para a Santa Primeira Comunhão? Com a palavra o primo Elizeu José Rêgo.

            Nas festas do Engenho Lagartixa, do seu Tio Yoyo Melo, e nas festas de Santa Efigência, era a primeira a se apresentar para os preparativos.

            Irmã de Maria de Lourdes Pereira ajudou na criação dos filhos desta (José Roberto, Goretti e Silvana) quando ainda a família morava na Fazenda Garrincha (Bom Conselho - PE).

            Com a separação do seu sobrinho Anchises Pereira de Lima, foi Elódia Nobre Pereira que, num gesto de extrema bondade e desprendimento, assumiu a criação de Enéias Fábio, Cristina e Anabela, filhos de Anchises Pereira de Lima. Nunca se viu Elódia reclamar da vida. Tendo sempre uma palavra de apoio e incentivo a quem lhe procura.

            No seu corpo franzino, parece um Dom Hélder de saia.

            Durante todo o período da doença do seu sobrinho Anchises Pereira de Lima, nunca mediu esforços para minimizar o sofrimento deste. Continua firme agora na criação de seus sobrinhos Gabriel e Guma, filhos de Anabela.

            Conhecida por grande parte dos sobrinhos por TITÉ, Elódia Nobre Pereira tem sua síntese de vida numa única palavra: AMOR.

Elódia Nobre Pereira

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MÃE ZIZI, VOVÓ ZIZI, SIMPLESMENTE DONA MÃEZINHA

Por: Amaro Rocha Guedes

 

 

         Outra personagem que perdura até o presente no sacrário da minha lembrança, e que muitas vezes é citada quando mantenho palestra com pessoas que a conheceram de perto e observam-lhe aos méritos, é MARIA CÂNDIDA DE ARAUJO, ou melhor, DONA MÃEZINHA, como era tratada na intimidade.

            Ainda criança, fomos residir, minha mãe e eu, vizinhos de sua casa, num local pertinho da Matriz de Quebrangulo - AL, onde se ouvia quase que nitidamente os hinos do som melodioso do órgão, executado na maioria das vezes pela cantora MARIA ANTONIA, uma moça de meia idade que morava na Rua do Pernambuquinho.

            DONA MÃEZINHA era católica praticante e tomava parte em quase todas as irmandades, cumprindo britanicamente os preceitos emanados da Igreja. Era boa porque havia nascido com o coração onde a maldade nunca pode entrar nem encontrar moradia.

            O mês de MARIA, em sua casa, era festejado com alegria. A sala onde se improvisava o Altar ficava repleta de seus familiares e de uma grande parte da vizinhança. Todo engalando, o Oratório desprendia um cheiro suave de rosas e cravos. OLAVO VIVEIROS não admitia um “piu,” era quem rezava o Terço. Austero, exigia como era do seu feitio, silêncio absoluto.

            Sempre a olhar meninos com a cara de quem advertia alguma coisa. Nós, crianças, ajoelhadas ao pé do Altar, gaguejando, acompanhávamos a ladainha fora do ritmo e da música, vezes até fazíamos esforços para não rirmos.

            E DONA MÃEZINHA, com aquele jeito que lhe era peculiar, plácido e sereno, nos dava a impressão de uma pessoa que havia descido do Céu. Muitas vezes ela palestrava com minha mãe até altas horas da noite, enquanto eu, com seus netos Antônio Ivo Vanutério e João, correndo pelas calçadas, imitávamos os “mocinhos” do cinema americano.

            Quando praticava as minhas diabruras, que não eram das menores, e minha mãe me castigava para não reincidir nelas, abria a bocarra e gritava por DONA MÃEZINHA, a qual corria disposta a me acudir. Depois de me arrancar das mãos de minha mãe, quando boas chineladas já haviam sido aplicadas, DONA MÃEZINHA me acariciava com ternura de uma avó carinhosa e dedicada, alisando os meus cabelos.

            DONA MÃEZINHA ensinava-me lindos provérbios, frases pitorescas e orações para serem rezadas à hora de deitar. Aprendi a fumar experimentando os seus cigarrinhos enrolados com palha de milho.

            É por isso que muitas vezes recordo com saudade aquela doce e meiga senhora tendo o grande privilégio de ser seu amigo. Dela ouvi palavras que foram fontes de incentivo que me ajudavam a vencer na vida, iluminando-me a inteligência.

            O seu falecimento muito me comoveu. Perplexo, senti como se fosse uma pessoa que fizesse parte da minha família. Por ela sempre tive adoração e respeito. Desapareceu do nosso convívio uma criatura que na vida só tinha um ideal sagrado: ESPALHAR POR TODA PARTE O BEM, desfraldando a bandeira acolhedora de suas boas maneiras àqueles que necessitavam de uma palavra carinhosa, a fim de solucionar um problema íntimo qualquer.

Mas, creio, o Céu deve ter aberto suas portas, festivo, para a entrada de mais um justo.


Dona Mãezinha, bisavó paterna do autor

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