UMA LUZ, UM
SORRISO, UMA ESPERANÇA
Nascia
em 25 de junho de 1925 ELÓDIA NOBRE PEREIRA, filha de Simplício Olavo de Araujo
Pereira e Olívia Nobre, possui todas as boas qualidades da espécie humana. Tem
que ser criado em novo adjetivo na língua portuguesa para sintetizar todas estas
qualidades.
Nunca
se preocupou consigo mesma, tendo no bem do próximo sua maior preocupação.
Devido seu amor extremo pelo semelhante, nunca se casou.
Católica
fervorosa, de uma fé inabalável, passou sua infância e adolescência como toda
menina da sua idade. Gostava de poesia e de representar, tendo nas suas primas,
filhas de Silvia Nobre suas grandes companheiras de diversões.
Quantos
primos, sobrinhos e parentes ela não preparou para a Santa Primeira Comunhão?
Com a palavra o primo Elizeu José Rêgo.
Nas
festas do Engenho Lagartixa, do seu Tio Yoyo Melo, e nas festas de Santa
Efigência, era a primeira a se apresentar para os preparativos.
Irmã
de Maria de Lourdes Pereira ajudou na criação dos filhos desta (José Roberto,
Goretti e Silvana) quando ainda a família morava na Fazenda Garrincha (Bom
Conselho - PE).
Com
a separação do seu sobrinho Anchises Pereira de Lima, foi Elódia Nobre Pereira
que, num gesto de extrema bondade e desprendimento, assumiu a criação de Enéias
Fábio, Cristina e Anabela, filhos de Anchises Pereira de Lima. Nunca se viu
Elódia reclamar da vida. Tendo sempre uma palavra de apoio e incentivo a quem
lhe procura.
No
seu corpo franzino, parece um Dom Hélder de saia.
Durante
todo o período da doença do seu sobrinho Anchises Pereira de Lima, nunca mediu
esforços para minimizar o sofrimento deste. Continua firme agora na criação de
seus sobrinhos Gabriel e Guma, filhos de Anabela.
Conhecida por grande parte dos sobrinhos por TITÉ, Elódia Nobre Pereira tem sua síntese de vida numa única palavra: AMOR.
MÃE ZIZI, VOVÓ
ZIZI, SIMPLESMENTE DONA MÃEZINHA
Por: Amaro Rocha Guedes
Outra personagem que perdura até o
presente no sacrário da minha lembrança, e que muitas vezes é citada quando
mantenho palestra com pessoas que a conheceram de perto e observam-lhe aos
méritos, é MARIA CÂNDIDA DE ARAUJO, ou melhor, DONA MÃEZINHA, como era tratada
na intimidade.
Ainda
criança, fomos residir, minha mãe e eu, vizinhos de sua casa, num local
pertinho da Matriz de Quebrangulo - AL, onde se ouvia quase que nitidamente os
hinos do som melodioso do órgão, executado na maioria das vezes pela cantora
MARIA ANTONIA, uma moça de meia idade que morava na Rua do Pernambuquinho.
DONA
MÃEZINHA era católica praticante e tomava parte em quase todas as irmandades,
cumprindo britanicamente os preceitos emanados da Igreja. Era boa porque havia
nascido com o coração onde a maldade nunca pode entrar nem encontrar moradia.
O
mês de MARIA, em sua casa, era festejado com alegria. A sala onde se
improvisava o Altar ficava repleta de seus familiares e de uma grande parte da
vizinhança. Todo engalando, o Oratório desprendia um cheiro suave de rosas e
cravos. OLAVO VIVEIROS não admitia um “piu,” era quem rezava o Terço. Austero,
exigia como era do seu feitio, silêncio absoluto.
Sempre
a olhar meninos com a cara de quem advertia alguma coisa. Nós, crianças,
ajoelhadas ao pé do Altar, gaguejando, acompanhávamos a ladainha fora do ritmo
e da música, vezes até fazíamos esforços para não rirmos.
E
DONA MÃEZINHA, com aquele jeito que lhe era peculiar, plácido e sereno, nos
dava a impressão de uma pessoa que havia descido do Céu. Muitas vezes ela
palestrava com minha mãe até altas horas da noite, enquanto eu, com seus netos
Antônio Ivo Vanutério e João, correndo pelas calçadas, imitávamos os “mocinhos”
do cinema americano.
Quando
praticava as minhas diabruras, que não eram das menores, e minha mãe me
castigava para não reincidir nelas, abria a bocarra e gritava por DONA
MÃEZINHA, a qual corria disposta a me acudir. Depois de me arrancar das mãos de
minha mãe, quando boas chineladas já haviam sido aplicadas, DONA MÃEZINHA me
acariciava com ternura de uma avó carinhosa e dedicada, alisando os meus
cabelos.
DONA
MÃEZINHA ensinava-me lindos provérbios, frases pitorescas e orações para serem
rezadas à hora de deitar. Aprendi a fumar experimentando os seus cigarrinhos
enrolados com palha de milho.
É
por isso que muitas vezes recordo com saudade aquela doce e meiga senhora tendo
o grande privilégio de ser seu amigo. Dela ouvi palavras que foram fontes de
incentivo que me ajudavam a vencer na vida, iluminando-me a inteligência.
O
seu falecimento muito me comoveu. Perplexo, senti como se fosse uma pessoa que
fizesse parte da minha família. Por ela sempre tive adoração e respeito.
Desapareceu do nosso convívio uma criatura que na vida só tinha um ideal
sagrado: ESPALHAR POR TODA PARTE O BEM, desfraldando a bandeira acolhedora de
suas boas maneiras àqueles que necessitavam de uma palavra carinhosa, a fim de
solucionar um problema íntimo qualquer.
Mas, creio, o Céu deve ter aberto suas
portas, festivo, para a entrada de mais um justo.
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