AS REVOLTAS DE JACAREACANGA (1957) E ARAGARÇAS (1955)

on quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

 

Quando o Getúlio Vargas foi deposto em 1945, a política brasileira passou a ser dividida em dois grandes grupos ou seja: os getulistas (PTB) e os da oposição (UDN). Na campanha presidencial de 1946 os getulistas foram vencedores com o Marechal Eurico Gaspar Dutra derrotando o Brigadeiro Eduardo Gomes, um dos fundadores da FAB e remanescente da revolta dos 18 do Forte de Copacabana.  

Brigadeiro Burnier

Getúlio voltou ao poder pelo voto popular em 1950, porém, a oposição batia forte levando este Presidente ao suicídio em 1954. Após a morte do Getúlio, o Brasil passou por momentos difíceis em sua vida política, levando a revolta principalmente por oficiais da Força Aérea Brasileira. Os então ministros (1955 a 1956) da Aeronáutica Eduardo Gomes, da Marinha Amorim do Vale não “engoliram” a vitória do Juscelino e do Jango em 1955 e promoveram através de subordinados uma revolta que ficou conhecida como a “Revolta de Jacareacanga”. Em 10 de fevereiro de 1956 oficiais da Aeronáutica como o major Aroldo Veloso e o capitão José Chaves Lameirão partiram do campo dos Afonsos-RJ e foram para a Base Aérea de Jacareacanga no Pará. Dez dias após o início da rebelião os rebeldes já controlavam 5 localidades Cachimbo, Belterra, Itaituba, Aragarças e a cidade de Santarém. Após 19 dias de rebelião as tropas legalistas prenderam o major Aroldo Veloso e os outros líderes foram se asilar na Bolívia. Todos eles foram anistiados pelo presidente JK.

Quem me contava com detalhes esses acontecimentos era o meu tio Reinaldo Alexandre, sargento especialista da Aeronáutica no final da década de 50, e prestando serviços no Campo dos Afonsos-RJ.

Apesar da anistia concedida por JK aos militares envolvidos na Revolta de Jacareacanga em fevereiro de 1956, o clima de insatisfação e de conspiração contra o governo continuou, sobretudo na Aeronáutica.

A Revolta de Aragarças, que eclodiu em 2 de dezembro de 1959, começou a ser articulada em 1957. A nova conspiração teve a participação do ex-líder de Jacareacanga, tenente-coronel aviador Haroldo Veloso, e de dezenas de outros militares e civis, entre os quais o tenente-coronel João Paulo Moreira Burnier, que foi o seu principal líder. O objetivo era iniciar um "movimento revolucionário" para afastar do poder o grupo que o controlava, cujos elementos seriam, segundo os líderes da conspiração, corruptos e comprometidos com o comunismo internacional.

Partindo do Rio de Janeiro, com três aviões Douglas C-47 e um avião comercial da Panair sequestrado, e de Belo Horizonte, com um Beechcraft particular, os rebeldes rumaram para Aragarças, em Goiás. Pretendiam bombardear os palácios Laranjeiras e do Catete, no Rio, e ocupar também as bases de Santarém e Jacareacanga, no Pará, entre outras. Na realidade, nem o bombardeio aos palácios, nem a ocupação das bases chegaram a ocorrer, e a rebelião ficou restrita a Aragarças. A revolta durou apenas 36 horas. Seus líderes fugiram nos aviões para o Paraguai, Bolívia e Argentina, e só retornaram ao Brasil no governo Jânio Quadros.

Em 1973 conheci pessoalmente o Brigadeiro Burnier já que era pai do então Tenente-aviador Burnier, meu colega de classe na Faculdade de Administração do Ceará.

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