Padre Ibiapina, o criador espiritual de Antônio Conselheiro e Pe. Cícero

on terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

 


O que falar de um homem que foi Advogado, Juiz de Direito, Deputado Provincial, Jornalista, Padre e Missionário? Ele que foi o mentor religioso de Antônio Conselheiro e Padre Cícero Romão. A religiosidade nordestina é pura, simples e com sincretismo.

Falo de José Antônio Pereira Ibiapina ou simplesmente Padre Ibiapina. Ele criou as Santas Missões no Nordeste. Teve como principais seguidores Antônio Conselheiro, Padre Cícero, Beato Lourenço, Frei Damião e Dom Hélder.

José Antônio de Maria Ibiapina, o Padre Ibiapina (1806-1883), nasceu em Sobral (CE), foi deputado, advogado e juiz de direito, padre e missionário. Aos 47 anos abandona a vida civil e se torna padre decidindo peregrinar pelos sertões do Nordeste brasileiro evangelizando, e promovendo obras de ação social e educação. Padre Ibiapina esteve no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Piauí e Pernambuco construindo açudes, cemitérios, capelas, cacimbas, igrejas, casas de caridade e colaborando na fundação de municípios. Sua atuação permanece na memória popular e pode ser observada através de visitas a lugares como o Santuário de Santa Fé, localizado no município de Solânea (PB), ou em outros lugares espalhados pela região Nordeste que trazem seu nome.

Suas missões mobilizavam as populações através dos rituais religiosos e dos mutirões de trabalho organizados para a execução das construções. Essas ações se caracterizam por uma religiosidade plural, dado que ele socorria os sertanejos através da caridade cristã, ao mesmo tempo em que executava ideais de civismo e produtividade. O período de atuação missionária do Padre Ibiapina (1856 – 1883), é marcado pela situação de miserabilidade e flagelo social ocasionados pelas sucessivas secas, que provocavam movimentos migratórios em direção às províncias.

As casas de caridade figuram como as principais obras e congregavam todo um ideal de vida que deveria ser seguido pelas irmãs e acolhidos. O modelo empregado nas instituições seguia um regimento interno elaborado pelo próprio Padre Ibiapina, pautado na orientação, regulação e moralização dos acolhidos através do trabalho, ancorado nas noções de civilidade, disciplina e utilidade social. Da Casa de Caridade de Santa Fé, na Paraíba, Padre Ibiapina acompanhava as outras instituições comunicando-se através de cartas com as superioras. Durante o itinerário de peregrinação do missionário foram construídas vinte e duas casas de caridade nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. As primeiras instituições foram construídas no ano de 1860, em Gravatá do Jaburú (Taquaritinga do Norte/PE), e Santa Luzia do Mossoró (Mossoró/RN). As casas funcionavam como abrigo para moças e meninas pobres.

Padre Ibiapina chegou no Rio Grande do Norte em 1860. Além da Casa de Caridade de Santa Luzia de Mossoró, erigiu mais duas instituições em Açu e Acari. A primeira visita do padre a cidade de Assú ocorreu em 1862.Convicto de que o povo do município, temente a Deus, necessitava de seus préstimos fundou a Casa das Irmãs da Caridade atendendo a 30 crianças órfãs, orientadas pelas irmãs religiosas. A casa foi mantida inicialmente pela confraria do glorioso São João Batista.

A Congregação das Irmãs da Caridade dava instrução às moças pobres e tratava dos doentes desvalidos. Quando as acolhidas atingiam a idade de casar, o Procurador escolhia um rapaz honesto, bom, cristão e trabalhador. Feita a escolha, os jovens eram conduzidos à sala na presença do Procurador e da Superiora da instituição e se os dois se agradassem o casamento era realizado por conta da casa. No período em que estavam na casa de caridade, as jovens recebiam ensinamentos de flores, labirintos e bordados. Esse modelo de educação tinha a preocupação de prepara-las para desempenhar funções próprias do lar, adquirindo habilidades características ao modelo de mulher, esposa e mãe.

Ele defendia a aproximação da Igreja Católica com os pobres e, como outro cearense, o Dom Helder, foi perseguido por parte da Igreja Conservadora.

Padre Ibiapina, simplesmente um homem de fé.

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