MULHERES NORDESTINAS, GUERREIRAS E EMPODERADAS

on segunda-feira, 3 de agosto de 2020


TRIBUNA LIVRE

José Roberto Pereira

 pereiraoliveira895@gmail.com



Hoje está muito na mídia o empoderamento da mulher.

Nos concursos, o índice de aprovação é maior do “sexo frágil”, executivas estão no comando e presidindo grandes empresas como a Fiat em Goiana-PE e o Aché Laboratórios-SP.

Não podemos esquecer que no passado mulheres extraordinárias deram sua contribuição histórica, como Ester, Cleópatra, Joana D'Arc, Elizabeth I, a Rainha Vitória, dentre outras. Nosso comentário é sobre mulheres nordestinas que fizeram história e que infelizmente não estão nos livros didáticos.

Vamos iniciar pela baiana Maria Quitéria de Jesus (27/07/1792 a 21/08/1853). Na luta pela independência, Maria Quitéria vestiu o uniforme do seu cunhado, José Cordeiro de Medeiros, e se passando por homem alistou-se no Batalhão Voluntários do Príncipe D. Pedro. Filha de Feira de Santana-Ba, ela criou seu próprio batalhão, composto só de mulheres e participou de combates em defesa da Ilha da Maré, Barra do Paraguaçu, Itapuã e da Pituba. Foi condecorada por Pedro I com o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e também foi condecorada como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

Outra mulher que teve sua marca na guerra da independência foi a madre Joana Angélica de Jesus (1762 a 1822). Filha de família abastada, com 20 anos foi freira no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa em Salvador. Como madre em 1822 não permitiu que os soldados do português general Madeira penetrassem no convento, sendo morta a golpes de espada. A independência completa do Brasil foi em 8 de julho de 1823 no Estado da Bahia.

Não podemos esquecer a alagoana Rosa da Fonseca, mãe do Marechal Deodoro e outros filhos que lutaram na guerra do Paraguai. Alguns morreram em combate e ela em vez de tristeza, celebrava com festas a cada notícia do filho morto numa prova de autêntico altruísmo pela Pátria.

Outras mulheres nordestinas que também se destacaram na Guerra do Paraguai foram a cearense Jovita Alves Feitosa e a baiana Ana Justina Ferreira Neri.                              Jovita, nascida em Brejo Seco nos Inhamuns cearenses. Foi em Jaicós no Piauí que ela com 18 anos cortou o cabelo, vestiu-se de homem e se apresentou como Voluntária da Pátria. Foi descoberta como mulher e pela sua extraordinária pontaria e determinação foi promovida a sargento, sendo responsável pelo marketing para aumentar nos homens a vontade de ser voluntário da pátria. Viajou de Teresina para São Luís, Fortaleza, Recife e Salvador, sendo recepcionada com grandes festas nessas localidades.

Alguns historiadores apontam que ela não foi à guerra e suicidou-se por amor não correspondido de um inglês. Outros apontam que ela foi à guerra como vivendeira (mulheres que acompanhavam os soldados brasileiros para ajudar na logística como lavar roupas, cozinhar, etc.) e sendo morta queimada na Batalha de Campo Grande quando tentava salvar alguns soldadinhos/crianças do Paraguai. Sendo o acampamento incendiado a mando do conde D’Eu, o conde incendiário.

Escrever sobre a baiana Ana Neri é lembrar que foi viúva e com filhos mortos na Guerra do Paraguai solicitou do Comando Militar para ser enfermeira na referida guerra, sendo o seu pedido aceito, se tornou a pioneira da enfermagem no Brasil. Na volta ao Brasil foi agraciada por Pedro II com a medalha de prata Geral da Campanha e a medalha Humanitária de Primeira Classe. Recebeu uma pensão vitalícia do governo brasileiro. A primeira escola padrão de enfermagem no Brasil (1923) leva o seu nome, sendo o dia do enfermeiro celebrado em 12 de maio, decretado por Getúlio Vargas. 



Mulheres nordestinas, guerreiras e empoderadas.

Um abraço a todos.


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