TRIBUNA LIVRE
José Roberto Pereira
Hoje está muito na mídia o
empoderamento da mulher.
Nos concursos, o índice de
aprovação é maior do “sexo frágil”, executivas estão no comando e presidindo
grandes empresas como a Fiat em Goiana-PE e o Aché Laboratórios-SP.
Não podemos esquecer que no passado mulheres
extraordinárias deram sua contribuição histórica, como Ester, Cleópatra,
Joana D'Arc, Elizabeth I, a Rainha Vitória, dentre outras. Nosso comentário
é sobre mulheres nordestinas que fizeram história e que infelizmente não estão
nos livros didáticos.
Vamos iniciar pela baiana Maria Quitéria de Jesus
(27/07/1792 a 21/08/1853). Na luta pela independência, Maria Quitéria vestiu o uniforme
do seu cunhado, José Cordeiro de Medeiros, e se passando por homem alistou-se
no Batalhão Voluntários do Príncipe D. Pedro. Filha de Feira de Santana-Ba, ela
criou seu próprio batalhão, composto só de mulheres e participou de combates em
defesa da Ilha da Maré, Barra do Paraguaçu, Itapuã e da Pituba. Foi condecorada
por Pedro I com o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro e também
foi condecorada como Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército
Brasileiro.
Outra mulher que teve sua marca na guerra da
independência foi a madre Joana Angélica de Jesus (1762 a 1822). Filha
de família abastada, com 20 anos foi freira no Convento de Nossa Senhora da
Conceição da Lapa em Salvador. Como madre em 1822 não permitiu que os soldados
do português general Madeira penetrassem no convento, sendo morta a golpes de
espada. A independência completa do Brasil foi em 8 de julho de 1823 no Estado
da Bahia.
Não podemos esquecer a alagoana Rosa da Fonseca,
mãe do Marechal Deodoro e outros filhos que lutaram na guerra do Paraguai. Alguns
morreram em combate e ela em vez de tristeza, celebrava com festas a cada
notícia do filho morto numa prova de autêntico altruísmo pela Pátria.
Outras mulheres nordestinas que também se destacaram
na Guerra do Paraguai foram a cearense Jovita Alves Feitosa e a baiana
Ana Justina Ferreira Neri. Jovita, nascida em Brejo Seco nos Inhamuns cearenses.
Foi em Jaicós no Piauí que ela com 18 anos cortou o cabelo, vestiu-se de homem e
se apresentou como Voluntária da Pátria. Foi descoberta como mulher e pela sua
extraordinária pontaria e determinação foi promovida a sargento, sendo
responsável pelo marketing para aumentar nos homens a vontade de ser voluntário
da pátria. Viajou de Teresina para São Luís, Fortaleza, Recife e Salvador,
sendo recepcionada com grandes festas nessas localidades.
Alguns historiadores apontam que ela não foi à guerra
e suicidou-se por amor não correspondido de um inglês. Outros apontam que ela
foi à guerra como vivendeira (mulheres que acompanhavam os soldados brasileiros
para ajudar na logística como lavar roupas, cozinhar, etc.) e sendo morta
queimada na Batalha de Campo Grande quando tentava salvar alguns soldadinhos/crianças
do Paraguai. Sendo o acampamento incendiado a mando do conde D’Eu, o conde
incendiário.
Escrever sobre a baiana Ana Neri é
lembrar que foi viúva e com filhos mortos na Guerra do Paraguai solicitou do Comando
Militar para ser enfermeira na referida guerra, sendo o seu pedido aceito, se
tornou a pioneira da enfermagem no Brasil. Na volta ao Brasil foi agraciada por
Pedro II com a medalha de prata Geral da Campanha e a medalha Humanitária de Primeira
Classe. Recebeu uma pensão vitalícia do governo brasileiro. A primeira escola
padrão de enfermagem no Brasil (1923) leva o seu nome, sendo o dia do
enfermeiro celebrado em 12 de maio, decretado por Getúlio Vargas.
Mulheres nordestinas, guerreiras e empoderadas.
Um abraço a todos.
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