TRIBUNA LIVRE José Roberto Pereira |
Do Autor
PRIMEIRA INFÂNCIA, QUE DELICIA!
São
11 horas de um Sábado dia 19 de novembro de 1949. Padre Alfredo Dâmaso dá
início à Santa Missa pela passagem da comemoração da Padroeira da Rainha, Santa
Izabel da Hungria e pela passagem do décimo primeiro aniversário da fundação do
nosso Distrito. Neste exato momento vim ao mundo pelas mãos queridas da Mãe
Sinhá Vidal. Nasci na fazenda Garrincha em casa construída, na década de
trinta, pelo meu avô paterno Júlio Alexandre da Silva. Minha avó paterna Maria
Caridade de Araújo deixou, além do meu pai João, os tios Vanutério e Reinaldo,
com as tias Gerusa, Creusa e Auristela.
Minha
primeira infância até os sete anos de idade, passei-os numa casa as margens do
Rio Alabary divisa de Bom Conselho com Quebrangulo.
Minha
mãe Lourdes tem uma boa formação intelectual e com seis anos aprendi a ler e
escrever através de cubos de madeira que possuíam em seus lados letras e
números, formavam-se as palavras com a maior facilidade (uma invenção de Dona
Lourdes).
Aprendi
a amar a natureza e tive minhas primeiras aulas de ecologia com o meu pai João
Costa e minha tia Elodia (Tité). Quantas e quantas manhãs, sempre ao nascer do
sol, minha tia Elódia passeava no orvalho. Sentir o cheiro da manhã no Agreste
é algo indescritível. Logo na primeira infância aprendi com meu pai a
convivência com o dia a dia campestre. Aprendi a tirar leite nas vacas de peito
bom, a andar a cavalo, a carrear, a conhecer nossa flora e fauna. Foram
ensinamentos valiosos que repercutem até hoje. Primeira vez que vi um automóvel
tinha quatro anos de idade. Foi o JIPE do primo Emerentino Costa pai do Ex-deputado
Federal por Alagoas Zé Costa. Outro Jipe que sempre passava por lá era do Lau
Fernandes.
José Roberto Pereira com seis meses de idade (1950)
Em
1957 passei a morar em Maceió capital Alagoana pra fazer o primário e continuar
os estudos. Minha primeira escola foi o Educandário Nossa Senhora da Conceição,
ficava ao lado da Praça das Graças
O autor com 8 anos
Educandário Nossa Senhora da Conceição, Maceió-AL, 1958
2º ano Primário – Prof.ª Victória
Entre
1964 e 1967 morei na querida Palmeira dos Índios-AL. Dedico um capítulo a esta
época de ouro na Palmeira.
A
partir de 1968 passei a residir e com muito orgulho, em minha querida capital,
a Capital da Cultura Nacional: RECIFE.
Agora
que já nos conhecemos uma boa leitura.
O NORDESTE BRASILEIRO E A CIVILIZAÇÃO ÁRABE
Portugal, por mais de duzentos anos,
(durante a Idade Média) sofreu forte influência dos Mouros procedentes do Norte
da África. Estes Mouro-Muçulmanos deixaram na Península Ibérica uma forte
influência na arquitetura, música e outros fatores de sua forte cultura.
Ao final da Idade Média vieram
juntar-se a esta cultura, nesta região de Portugal, inúmeras famílias judias e,
desta junção de cultura e religiosidade, foram os que vieram colonizar as
colônias portuguesas, principalmente no Nordeste do Brasil.
Com
a retomada de Portugal como Nação soberana, todos os descendentes dos Mouros e
Judeus tiveram que jurar fidelidade à Igreja Católica e passaram a se chamar
Cristãos Novos.
No início da colonização
Pernambucana, numerosos senhores de engenho eram cristãos novos que haviam se
batizado à força, ou mesmo judeus que permaneciam fiéis às crenças. Devido a
esta situação, a Santa Inquisição Portuguesa enviou à Pernambuco seus agentes,
daí muitas pessoas consideradas de elite viveram horas amargas diante dos
inquisidores. Sabe-se hoje que até o Governador da época, JOÃO PAES BARRETO, era
de origem judia.
Muitos
judeus e cristãos novos que viveram no Brasil nos anos quinhentos eram de
origem ibérica que viviam em Portugal, participando de bons negócios com o
Reino até a ocasião em que a Santa Inquisição se instalou nestes países e exigiu
o confisco dos bens e a expulsão dos que não quisessem se converter ao
Catolicismo.
A
Santa Inquisição foi um movimento orientado pela Igreja Católica com a
finalidade de converter, pela força da fogueira à referida religião, todos os
Judeus, Mouros, Alquimistas (eram considerados bruxos) e demais pessoas que não
fossem leais à Igreja de Roma.
Os
judeus portugueses se dividiram, uns ficaram no país, outros, convertendo-se e
tornando-se cristãos novos, vieram para o Recife no período da ocupação
holandesa e aqui permaneceram após a expulsão dos flamengos.
Entre
esses judeus havia sobrenomes bem portugueses como SILVA, Dias, Azevedo, ARAUJO
e os cristãos novos, que ao abandonarem os nomes judaicos, adotavam sobrenomes
de animais e de plantas como: Carneiro, Coelho, Cordeiro, Figueira, PEREIRA,
Oliveira, Salgueiro, Parreira, etc. O sobrenome SILVA, comum nas famílias
nordestinas, é a maior prova que os descendentes nordestinos são Cristãos Novos
convertidos ao Catolicismo.
Os
nomes portugueses os ajudavam a fugir à identificação de sua origem em terra
distante. É provável que muito anti-semita de hoje, no Brasil e em Pernambuco,
tenha em suas veias uma boa dose de sangue hebraico. Logo, os ARAUJO PEREIRA
são descendentes diretos de Portugueses Católicos (Araújo) e Cristãos Novos
(Pereira).
Ao
ficarem ricos, muitos “fidalgos” procuravam-se legitimar. A fidalguia e a
nobreza não são obtidas apenas por conquistas e feitos heróicos, o são também
através de doações ou de conchavos; e esta política ainda não mudou.
O
exemplo marcante deste período era a compra da Bula Papal, que dava direito à
vida eterna no Paraíso, após a morte.
O
berço da civilização brasileira é, sem sombra de dúvidas, o Nordeste, pois sua
etnia vem da origem da colonização, sua tradição seus costumes, vêm desde a
época dos Mouros e exemplos não faltam para comprovar estes fatos. (Movimento
do Agrocultura)
O
aboio de um vaqueiro, aquele canto que vem do fundo da alma, é um canto
Mulçumano.
As
orações repetidas do Rosário de Maria têm origem no Mantra mulçumano.
As
cavalhadas nordestinas mostram as lutas entre Cristãos e Mouros (azul e
vermelho).
O
violeiro repentista é o próprio trovador de origem Árabe.
A
Nau Catarineta (Pernambuco) ou Chegança (Alagoas) retratam também esta luta
contra os Mouros pela liberação de Portugal.
É
importante salientar que os árabes (Mouros) foram os criadores do estribo
(equipamento da sela de montaria) e com esta invenção ganharam a Península
Ibérica. Eram invencíveis nas batalhas pela segurança e apoio oferecido ao
cavaleiro pelo estribo na sela.
Outra
característica que nos aproxima dos Árabes é o gosto pela carne de carneiro,
carne de bode, coalhada, queijo de coalho. O nordestino é a mistura do cristão
novo, do índio e do negro africano. Todo mestiço é um forte.
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