LIVRO PERNAMBULANO, SIM SENHOR! PARTE 2

on quarta-feira, 22 de julho de 2020


                   TRIBUNA LIVRE

                   José Roberto Pereira

                   pereiraoliveira895@gmail.com


Do Autor

PRIMEIRA INFÂNCIA, QUE DELICIA!

 

         São 11 horas de um Sábado dia 19 de novembro de 1949. Padre Alfredo Dâmaso dá início à Santa Missa pela passagem da comemoração da Padroeira da Rainha, Santa Izabel da Hungria e pela passagem do décimo primeiro aniversário da fundação do nosso Distrito. Neste exato momento vim ao mundo pelas mãos queridas da Mãe Sinhá Vidal. Nasci na fazenda Garrincha em casa construída, na década de trinta, pelo meu avô paterno Júlio Alexandre da Silva. Minha avó paterna Maria Caridade de Araújo deixou, além do meu pai João, os tios Vanutério e Reinaldo, com as tias Gerusa, Creusa e Auristela.

         Minha primeira infância até os sete anos de idade, passei-os numa casa as margens do Rio Alabary divisa de Bom Conselho com Quebrangulo.

         Minha mãe Lourdes tem uma boa formação intelectual e com seis anos aprendi a ler e escrever através de cubos de madeira que possuíam em seus lados letras e números, formavam-se as palavras com a maior facilidade (uma invenção de Dona Lourdes).

         Aprendi a amar a natureza e tive minhas primeiras aulas de ecologia com o meu pai João Costa e minha tia Elodia (Tité). Quantas e quantas manhãs, sempre ao nascer do sol, minha tia Elódia passeava no orvalho. Sentir o cheiro da manhã no Agreste é algo indescritível. Logo na primeira infância aprendi com meu pai a convivência com o dia a dia campestre. Aprendi a tirar leite nas vacas de peito bom, a andar a cavalo, a carrear, a conhecer nossa flora e fauna. Foram ensinamentos valiosos que repercutem até hoje. Primeira vez que vi um automóvel tinha quatro anos de idade. Foi o JIPE do primo Emerentino Costa pai do Ex-deputado Federal por Alagoas Zé Costa. Outro Jipe que sempre passava por lá era do Lau Fernandes.

José Roberto Pereira com seis meses de idade (1950)

         Em 1957 passei a morar em Maceió capital Alagoana pra fazer o primário e continuar os estudos. Minha primeira escola foi o Educandário Nossa Senhora da Conceição, ficava ao lado da Praça das Graças em Maceió. Professoras desta época Dona Inacinha e Dona Tereza. O início do ginásio foi no Anchieta de propriedade do Professor Eduardo Trigueiros que tinha sido Professor de meu pai em Quebrangulo. Matérias do primeiro ginasial que estudava junto com Tia Creusa, minha colega de classe, (1961) Português, Matemática, História, Geografia, Religião, Trabalho Manual, Latim, Francês, Canto Orfeônico e aulas de nativismo todos os sábados onde cantávamos os hinos, Nacional, de Alagoas, da República, da Independência, da Bandeira, do Estudante. Eram aulas de puro civismo exatamente o que está faltando hoje para nossos jovens.

O autor com 8 anos 

Educandário Nossa Senhora da Conceição, Maceió-AL, 1958

2º ano Primário – Prof.ª Victória


         Entre 1964 e 1967 morei na querida Palmeira dos Índios-AL. Dedico um capítulo a esta época de ouro na Palmeira.

         A partir de 1968 passei a residir e com muito orgulho, em minha querida capital, a Capital da Cultura Nacional: RECIFE.

         Agora que já nos conhecemos uma boa leitura.




O NORDESTE BRASILEIRO E A CIVILIZAÇÃO ÁRABE


         Portugal, por mais de duzentos anos, (durante a Idade Média) sofreu forte influência dos Mouros procedentes do Norte da África. Estes Mouro-Muçulmanos deixaram na Península Ibérica uma forte influência na arquitetura, música e outros fatores de sua forte cultura.

Ao final da Idade Média vieram juntar-se a esta cultura, nesta região de Portugal, inúmeras famílias judias e, desta junção de cultura e religiosidade, foram os que vieram colonizar as colônias portuguesas, principalmente no Nordeste do Brasil.

            Com a retomada de Portugal como Nação soberana, todos os descendentes dos Mouros e Judeus tiveram que jurar fidelidade à Igreja Católica e passaram a se chamar Cristãos Novos.

            No início da colonização Pernambucana, numerosos senhores de engenho eram cristãos novos que haviam se batizado à força, ou mesmo judeus que permaneciam fiéis às crenças. Devido a esta situação, a Santa Inquisição Portuguesa enviou à Pernambuco seus agentes, daí muitas pessoas consideradas de elite viveram horas amargas diante dos inquisidores. Sabe-se hoje que até o Governador da época, JOÃO PAES BARRETO, era de origem judia.

            Muitos judeus e cristãos novos que viveram no Brasil nos anos quinhentos eram de origem ibérica que viviam em Portugal, participando de bons negócios com o Reino até a ocasião em que a Santa Inquisição se instalou nestes países e exigiu o confisco dos bens e a expulsão dos que não quisessem se converter ao Catolicismo.

            A Santa Inquisição foi um movimento orientado pela Igreja Católica com a finalidade de converter, pela força da fogueira à referida religião, todos os Judeus, Mouros, Alquimistas (eram considerados bruxos) e demais pessoas que não fossem leais à Igreja de Roma.

            Os judeus portugueses se dividiram, uns ficaram no país, outros, convertendo-se e tornando-se cristãos novos, vieram para o Recife no período da ocupação holandesa e aqui permaneceram após a expulsão dos flamengos.

            Entre esses judeus havia sobrenomes bem portugueses como SILVA, Dias, Azevedo, ARAUJO e os cristãos novos, que ao abandonarem os nomes judaicos, adotavam sobrenomes de animais e de plantas como: Carneiro, Coelho, Cordeiro, Figueira, PEREIRA, Oliveira, Salgueiro, Parreira, etc. O sobrenome SILVA, comum nas famílias nordestinas, é a maior prova que os descendentes nordestinos são Cristãos Novos convertidos ao Catolicismo.

            Os nomes portugueses os ajudavam a fugir à identificação de sua origem em terra distante. É provável que muito anti-semita de hoje, no Brasil e em Pernambuco, tenha em suas veias uma boa dose de sangue hebraico. Logo, os ARAUJO PEREIRA são descendentes diretos de Portugueses Católicos (Araújo) e Cristãos Novos (Pereira).

            Ao ficarem ricos, muitos “fidalgos” procuravam-se legitimar. A fidalguia e a nobreza não são obtidas apenas por conquistas e feitos heróicos, o são também através de doações ou de conchavos; e esta política ainda não mudou.

            O exemplo marcante deste período era a compra da Bula Papal, que dava direito à vida eterna no Paraíso, após a morte.

            O berço da civilização brasileira é, sem sombra de dúvidas, o Nordeste, pois sua etnia vem da origem da colonização, sua tradição seus costumes, vêm desde a época dos Mouros e exemplos não faltam para comprovar estes fatos. (Movimento do Agrocultura)

            O aboio de um vaqueiro, aquele canto que vem do fundo da alma, é um canto Mulçumano.

            As orações repetidas do Rosário de Maria têm origem no Mantra mulçumano.

            As cavalhadas nordestinas mostram as lutas entre Cristãos e Mouros (azul e vermelho).

            O violeiro repentista é o próprio trovador de origem Árabe.

            A Nau Catarineta (Pernambuco) ou Chegança (Alagoas) retratam também esta luta contra os Mouros pela liberação de Portugal.

            É importante salientar que os árabes (Mouros) foram os criadores do estribo (equipamento da sela de montaria) e com esta invenção ganharam a Península Ibérica. Eram invencíveis nas batalhas pela segurança e apoio oferecido ao cavaleiro pelo estribo na sela.

            Outra característica que nos aproxima dos Árabes é o gosto pela carne de carneiro, carne de bode, coalhada, queijo de coalho. O nordestino é a mistura do cristão novo, do índio e do negro africano. Todo mestiço é um forte.


0 comentários:

Postar um comentário