- Fazer o bem não importa a quem;
- Seu direito termina quando começa o do outro;
- Dar com uma mão sem que a outra saiba
- Amar ao próximo como a nós mesmos
Como jovens realizamos um excelente trabalho,
inclusive nos aproximando, como católicos, da juventude evangélica através do
seu principal líder o Mozart Noronha, hoje um grande pastor da Igreja Presbiteriana
no Rio de Janeiro. Outro trabalho executado foi a construção da primeira casa
do hoje bairro da Santa Maria em Palmeira. Foi nesta época que li pela primeira
vez o que representou a Sociedade Secreta Bucha, em alemão a Burschenschaft
(Sociedade de camaradas), através do livro A
Sombra de Júlio Frank do jornalista Afonso Schmidt (1890-1964).
Quem foi Júlio Frank, o fundador da Bucha?
Um alemão que chegou ao Brasil em 1831, excelente
aluno no seu país, porém, com dívidas e problemas pessoais fugiu para o Brasil
e foi residir na cidade de Sorocaba no interior paulista, passando a dar aulas
particulares aos estudantes abastados desta cidade. Excelente professor de
história, filosofia e geografia e com a ida dos estudantes sorocabanos para
estudarem Direito em São Paulo, os estudantes levaram o mestre para ajudá-los
na faculdade. Na época São Paulo contava com 11 mil habitantes e 300 estudantes
universitários. Todos moravam em república, local alugado pelo estudante mais
rico e os demais dividiam as despesas. Frank foi sempre protegido pelo
sorocabano Rafael Tobias Aguiar (O Batalhão da Rota Tobias Aguiar é em sua
homenagem) que o convidou para lecionar no curso de Direito da Universidade de
São Paulo (USP).
O professor Júlio Frank notava que excelentes alunos de
Direito não tinham condições de se manter estudando devido dificuldades
financeiras. Baseado no princípio de colaboração com o próximo e com alguns
estudantes endinheirados ele fundou a Bucha, uma sociedade secreta com a
finalidade de ajudar estes estudantes pobres. Só os membros da sociedade
secreta sabiam quem estavam ajudando e os que recebiam a ajuda. Cada estudante
que se formava e quando conseguiam participar do Estado como juízes, promotores,
etc., tinham por obrigação conseguir emprego para os que estavam se formando. Para
se ter uma ideia, todos os presidentes da República Velha desde Deodoro até o
Washington Luiz (com exceção do Epitácio Pessoa) todos foram bucheiros. Alguns
membros da sociedade criaram a Liga Nacionalista e aí iniciou a decadência da Bucha
sendo a liga perseguida pelo Presidente Arthur Bernardes. Muitos padres que
conheci tinham a filosofia da Bucha inclusive o Paulo Dimas Gomes de Brito, que
me levou para o Recife. Estudante pobre não tinha condição de me manter e o
padre Dimas me ofereceu o colégio São João, tinha de graça: moradia, estudo e
livros, sendo minha obrigação trabalhar na Secretaria do Colégio junto ao
secretário Rosendo Gomes Ramos. Nada mais dignifica o homem do que o estudo.
Enquanto houver um estudante pobre sendo ajudado nos
seus estudos e de maneira discreta, jamais o espírito da Bucha irá morrer.
Júlio Frank morreu de pneumonia precocemente em 1841 e por ser evangélico a Igreja
Católica não permitiu o seu enterro no cemitério de São Paulo. Foi então sepultado
no pátio da Universidade de São Paulo (USP).
0 comentários:
Postar um comentário