TRIBUNA LIVRE
José Roberto Pereira
REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817
Esta revolução sempre foi comentada em nossa
família devido principalmente a dois personagens. O primeiro, o Capitão de
Artilharia José de Barros Lima, meu antepassado, que vem a ser o avô do meu
bisavô Urbano Gomes de Araújo Pereira. O segundo personagem e por incrível que
possa parecer, meu xará o Marechal José Roberto Pereira da Silva, primo
legítimo de meu tetravô materno Francisco Gomes de Araújo Pereira (história
da Revolução de 1817 do Monsenhor Muniz Tavares, pg. 85). Eram amigos e
parentes, sendo que o Capitão José de Barros Lima deu início à Revolução
matando a golpes de espada o Brigadeiro Barbosa de Castro. O segundo, o
Marechal José Roberto Pereira da Silva ficou ao lado da monarquia e foi quem
retirou em segurança o Governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro,
levando-o ao Rio de Janeiro. Segundo o historiador Ferrero: “O verdadeiro
espírito revolucionário jamais se encontrou fora das classes altas e cultas; e
não há revolução que não tenha nascido de uma discórdia fomentada no seio das
classes dominantes. O povo, a multidão nunca recorreram a revolução senão
quando falta o pão no armário e o carvão na lareira”. Assim foi a
Revolução Francesa.
Esta nossa Revolução de 1817 houve discórdia entre
os patriotas revolucionários principalmente devido ser a libertação dos
escravos uma das metas da Revolução com apoio dos Padres do Seminário de
Olinda. Os grandes proprietários de terras e grandes comerciantes como Domingos
José Martins, Gervásio Pires, Cruz Cabugá, dentre outros não viam com bons olhos
essa libertação, pois eram proprietários de escravos. Esta discórdia, dentre
outras, e a falta do apoio popular levou ao término desta Revolução. Não existe
revolução sem o apoio do povo e com certeza além de atos de covardia, como do
Tenente José Mariano de Albuquerque que abandonou sua tropa em Ipojuca. Tudo
isso contribuiu para o fim do sonho revolucionário, sonho que renasceu com a
Confederação do Equador tendo como personagem principal o Frei Caneca. A
revolução de 1817 foi uma consequência da Guerra dos Mascates de 1710, onde a
rivalidade entre portugueses e brasileiros era evidente. O comércio atacadista,
os melhores cargos na administração e nas forças armadas eram dos portugueses,
ficando os brasileiros com o resto, e isso provocava revolta entre os nascidos
na terra. A revolução de 1817 foi o maior movimento republicano até aquela
data. A revolta do dia 6 de março (feriado estadual) até 20 de maio de 1817. Se
o movimento demorou apenas 70 e poucos dias, a devassa demorou 4 anos. Entre os
condenados à morte, prisão e degredo foram 295 patriotas. Dentre eles o Capitão
José de Barros Lima, o Leão Coroado, que foi enforcado e decapitado. Em 23 de
fevereiro de 1917 o Governador Manoel Borba criou nossa bandeira baseada na
bandeira revolucionária. A única diferença entre a bandeira inicial é que esta
tinha três estrelas que representavam Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte
e o sol tinha um rosto estilizado. Nossa bandeira tem apenas uma estrela
(Pernambuco) e foi retirado o rosto do centro do sol. Um detalhe interessante é
que o Príncipe Pedro I foi favorável a Revolução de 1817 (comentários de
Oliveira Lima).
Para concluir, os versos do Frei Joaquim do Amor
Divino Caneca da sua Canção Pernambucana:
“Cidadãos pernambucanos
Sigamos de Marte a lida;
É triste acabar no ócio,
Morrer pela pátria é vida
Quando a voz da pátria chama
Tudo deve obedecer;
Por ela a morte é suave,
Por ela se deve morrer
O patriota não morre,
Vive além da eternidade;
Sua glória, seu renome
São troféus da humanidade”.
Frei Caneca Bandeira Revolucionária de 1817
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BOM CONSELHO, PALMEIRA DOS ÍNDIOS, QUEBRANGULO:
PEQUENO HISTÓRICO
-
Comendador
Cristóvão de Burgos e Contreiras?
- Ele mesmo.
-
Sua
Excelência, o Governador de Pernambuco André Vital Negreiros, irá recebê-lo.
A dúvida do Comendador era grande.
Será que o Governador iria acatar seu requerimento solicitando novas
glebas de terras (Sesmarias)?
Estas
terras ficavam ao sul das terras do Quilombo Castainho, em Garanhuns. A
Sesmaria de Garanhuns já pertencia ao seu amigo e compadre Nicolau Aranha
Pacheco.
Estamos
no Século XVII, aproximadamente em 1663, e a luta contra o Quilombo dos
Palmares era grande. O Quilombo dos Palmares, com seu Rei Canga Zumba, tinha
sob sua posse 27.000 Km2 de terras que compreendiam desde o Cabo de
Santo Agostinho em Pernambuco até o Rio São Francisco em Penedo Alagoas.
A
família do Comendador sempre lutou contra os negros e índios. Umas das armas
usadas pelo Governo Holandês Mauricio de Nassau foi o envio do espião Bartolomeu
Lintz para viver entre os negros e realizar um levantamento completo dos
palmarinos.
De
acordo com o Bartolomeu Lintz, existia nesta região mais de 6.000 negros. Uma
das expedições contra os negros de Palmares tinha o comando Holandês João Blaer
e foi realizada em 1645. O Holandês partiu de Penedo - AL em direção a Porto
Calvo, passando por onde existem hoje as cidades de Arapiraca, Palmeira dos
Índios, Bom Conselho, Lagoa do Ouro e em linha reta até Porto Calvo – Alagoas.
Durante
vários meses o Capitão Holandês João Blaer ficou nas terras onde hoje é a
região do Bulandi, em Bom Conselho-PE.
Detalhes
a considerar:
Existe
ainda hoje uma família HOLANDA em terras que ficam ao sul de Bom Conselho:
Entre
Penedo - AL e Porto Calvo - AL a trilha pela Mata Atlântica passava por Bom
Conselho, passagem obrigatória de quem vinha por terra.
Nesta
época, aproveitando a luta entre Pernambuco e Holandeses, a luta pela posse da
Coroa Portuguesa por espanhóis, o grande líder do Quilombo dos Palmares Canga Zumba
iniciou uma aproximação política entre sua gente com os portugueses, os
holandeses, os espanhóis e os índios. O que Canga Zumba desejava era apenas
viver em paz com sua gente por esta região. O velho Rei conseguiu o seu
intento.
Havia escravos em Palmares?
Havia.
Pela própria cultura negra quando havia guerras entre tribos os vencedores
aprisionavam os vencidos e não poderia ser diferente no Quilombo dos Palmares.
Durante
grande período esta paz foi estabelecida e se não fosse Zumbi a história desta
parte do nordeste poderia ser diferente.
Criado
por um padre de Porto Calvo, Zumbi sabia ler e escrever, tendo um ódio mortal
aos brancos, apesar de ter entre suas esposas uma mulher branca.
Vaidoso, autoritário, Zumbi não
concordava com os métodos humanos do Canga Zumba. Aproveitando pequena revolta de alguns negros, Zumbi
envenenou o Rei Canga Zumba, assumiu o comando dos Palmares e reiniciou a
guerra contra os brancos.
-
Sente-se
Comendador Cristóvão de Burgos e Contreiras.
- Obrigado Governador
-
Comendador
pelos serviços prestados por vossa senhoria na luta contra os negros palmarinos
e na luta contra os índios Fulniôs e Xucurús, seu requerimento solicitando uma
Sesmaria foi aceito pelo Rei de Portugal.
-
Comendador
Burgos e Contreiras, as terras estão localizadas ao Sul da Sesmaria de Nicolau
Aranha Pacheco (Garanhuns) e ficam aproximadamente na latitude sul 9 graus e
longitudes 36 graus.
A Sesmaria do
Comendador Cristóvão de Burgos e Contreiras representa hoje as terras dos
Municípios de Saloá, Terezinha, Iati, Lagoa do Ouro, Correntes, Bom Conselho,
Palmeira dos Índios e Quebrangulo.
Nesta vasta
propriedade, o Comendador Burgos e Contreiras, fundou duas fazendas: A Fazenda
dos Burgos, posteriormente Fazenda Nossa Senhora do Desterro e a Fazenda dos
Portos, que passou a se chamar Sítio da Conceição.
Os negros que restavam
do que ficou de Palmares assaltavam sempre estas fazendas. Desta forma, as
fazendas do Comendador foram ocupadas por muitos anos pelos negros que nas
terras da primeira (Burgos) formaram o Quilombo da Maria Negra (atualmente
Sítio Muniz) e nas terras da Segunda (Portos) o Mocambo de Pedro Papa Caça
(atualmente cidade de Bom Conselho – PE) os territórios de Bom Conselho,
Palmeira dos Índios e Quebrangulo, em seu início, fazendas de criação, ficaram
sob domínio dos negros de Palmares de 1645 a 1695.
Todas as famílias desta
região têm quantidade de sangue negro/índio em suas veias maior que o sangue o
sangue branco (grande minoria ao final do Século XVII). Ninguém, filho de
famílias desta região, pode ser considerado como branco autêntico.
No começo do século
XVIII, Manuel da Cruz Vilela comprou aos herdeiros do Comendador Cristóvão de
Burgos e Contreiras grande parte da Sesmaria original. Manuel da Cruz Vilela
ficou sendo único dono das terras dos municípios de Bom Conselho e grande parte
das terras de Palmeira dos Índios e Quebrangulo. Esta compra foi realizada em
23 de julho de 1712.
Com a morte do Velho
Manuel Villela, seu filho Antônio Anselmo da Costa Villela assumiu as fazendas
e associando-se a Joaquim Antônio da Costa deu início ao povoamento de Bom
Conselho - PE.
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