José Roberto Pereira
No Império Romano a varíola matou
quase a metade dos cidadãos residentes em Roma. Na Idade Média a peste assolou
toda a Europa, dizimando milhares de pessoas. As civilizações Asteca e Inca
pereceram devido o invasor espanhol trazer na bagagem e roupas o vírus da
varíola e sarampo.
Aqui no Brasil desde o final do século XIX que fomos acometidos na sequência pela: cólera morbus, a varíola (1904), a gripe espanhola (1918), outras epidemias e agora a mais letal através do covid-19.
De origem asiática,
mais precisamente na Índia, a cólera se espalhou para o mundo a partir de 1817.
Chegou no Brasil em 1885, invadindo os estados do Amazonas, Pará, Bahia e Rio
de Janeiro. A bactéria que a provoca foi descoberta pelo cientista Robert Koch
em 1884 e recebeu o nome de Víbrio Cholerae e infectava o intestino
humano. A cólera é transmitida pela água e alimentos contaminados. A vacina
existente só imunizou 50% da população. A cólera tornou a vir para o Brasil em
1991 vinda do Peru fazendo sua primeira vítima em Tabatinga-AM.
A
varíola é uma doença causada por vírus, sendo a pele a parte do corpo mais
atingida, e devido vacinação, foi erradicada no Brasil em 1972. A transmissão
ocorre pelas secreções da pessoa doente e por gotículas de secreção espalhadas
pelo ar. A vacina foi descoberta por Edward Jenner em 1796. No inverno de 1904
uma violenta epidemia invadiu o Rio de Janeiro e só naquele ano morreram cerca
de 3.500 pessoas. Das atividades de combate à doença que o Diretor de Saúde Pública
Dr. Oswaldo Cruz comandou, a mais difícil e polêmica, foi a campanha de
vacinação. Devido à situação, Oswaldo Cruz solicitou ao Governo Federal que
enviasse ao Congresso um projeto de lei ratificando a obrigatoriedade da
vacinação em todo o país. Chamado pelo povo de “código de torturas”, o
projeto provocou a ira da oposição ao Presidente Rodrigues Alves e até o Gênio,
o Águia de Haia, o Senador Rui Barbosa votou contra e foi criada a Liga contra
a vacina obrigatória. Apesar de tudo, a Lei Nº 1.261 foi aprovada em 31 de
outubro de 1904. Era o estopim que faltava, sendo que no dia 10 de novembro de
1904 tinha início a Revolta da Vacina. Durante uma semana, milhares de pessoas
saíram às ruas do Rio de Janeiro protestando. O comércio fechou as portas, o
transporte público entrou em colapso, uma parte do exército tentou depor o
Presidente Rodrigues Alves, o desfile de 15 de novembro foi cancelado. O
levante popular foi sufocado com violência, deixando um saldo de 30 mortos, 110
feridos e 945 prisioneiros. A metade dos detidos foi para o Acre, afim de
trabalha na borracha e morrendo mais da metade na região.
Há 102 anos a gripe espanhola paralisou o Brasil. Segundo historiadores, esta gripe matou mais de 50 milhões em todo o mundo. Fala-se que esta gripe chegou ao Brasil em setembro de 1918 no navio de bandeira espanhola o Demerara. Ele atracou nos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Não havia medicamentos para a gripe, sendo a prevenção (como lavar as mãos e evitar aglomerações) as medidas adotadas. No Brasil morreram em torno de 35 mil pessoas, inclusive o Presidente eleito Rodrigues Alves, que foi substituído pelo vice, o nordestino Epitácio Pessoa. Esta gripe foi levada para Europa por soldados americanos durante a 1ª Guerra Mundial e segundo cientistas por carne de porco contaminada.
De todas as epidemias que
passaram pelo Brasil, a mais contundente foi a morte pela fome na seca de 1878,
principalmente no Estado do Ceará. Fortaleza, então capital da Província, tinha
uma população em torno de 35 mil pessoas. Durante o ano de 1878 mais de 100 mil
retirantes invadiram Fortaleza, morrendo diariamente de fome em torno de 1.000
pessoas.
Segundo historiadores, só em Fortaleza morreram de fome algo em torno de 70 mil pessoas. Dom Pedro II enviou navios carregados de charque, farinha, feijão e rapadura. Estes mantimentos foram vendidos pelo Presidente da Província para os coronéis do sertão numa verdadeira falta de decência por parte dos governantes.
O aproveitamento das epidemias
para ganhar dinheiro por alguns governantes vem de longe. Nesta época foi
construído em Quixadá-CE, o açude do Cedro.
Lembrando que estas mortes foram
apenas no Ceará. Imagine no restante do nordeste!
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