A religiosidade praticada no Nordeste tem suas raízes
profundas plantadas pelos missionários franciscanos entre meados do século dezenove
(Frei Caetano de Messina) até Frei Damião De Bozzano. Os franciscanos mantinham
a castidade, a obediência, vida simples, como filosofia de vida e fé, diferente
dos padres seculares do século dezenove, onde quase todos eram funcionários do Estado,
tinham filhos e não observavam os principais mandamentos.
Desta fé Franciscana tivemos exemplos como Padre
Cícero, Beato Lourenço no Ceará, Antônio Conselheiro em Canudos, dentre outros.
Havia um livro onde eram escritos vários sermões (1867) onde os franciscanos
decoravam acrescentando variações locais e levavam para as Santas Missões, onde
o pecado mortal e o fogo do inferno eram os focos principais. Meu amigo Padre
Dimas tinha um original em latim.
O último dos franciscanos com sua extraordinária fé foi
sem dúvidas Frei Damião de Bozzano, que tive a oportunidade de presenciar
pessoalmente duas situações distintas que você pode traduzir como fé ou
coincidência.
Em 1972 eu era Supervisor Comercial do Aché
Laboratórios S/A e pela função obrigado a viajar pelas cidades nordestinas. Uma
noite de verão estava eu em Santana do Ipanema-Al. A seca era tão grande que
cada hóspede do hotel recebia um litro d’água para se virar na limpeza pessoal.
O Rio Ipanema completamente seco e aquele desespero que cada nordestino conhece.
Nesta noite o grande acontecimento foi o sermão que seria proferido por Frei
Damião no encerramento de mais uma Santa Missão. No meio do sermão o Frei
solicitou que todos rezassem um Pai Nosso e uma Ave Maria pedindo chuva para
esta região castigada. Naquela madrugada iniciaram os trovões, raios, tudo que
uma tempestade tem direito. Foi uma das maiores enchentes do Rio Ipanema.
Outro episódio interessante foi quando assumi a Gerência
Regional do Instituto Químico Campinas. Viajando pelo sertão paraibano no
início da década de oitenta do século passado, a uma hora da tarde, sol
abrasador, passo por uma Veraneio com capô aberto e ao lado um frade franciscano
que deu a mão solicitando apoio (não havia a violência de hoje). Era Frei
Fernando, que era uma espécie de secretário de Frei Damião. A Veraneio com pane
na bomba d'água, e no seu interior, aquela figura franzina e encurvada do Frei
Damião. Frei Fernando explicou que Frei Damião iria iniciar uma Santa Missão em
Souza-PB e se poderia dar uma carona. A uns dois km de Souza, iniciava a fila de
carros, uma super carreata aguardando a figura pop do Frei Damião. Nesta
situação acompanhei a carreata deixando os dois frades na Casa Paroquial de
Souza. Com dificuldade em deixar o banco do Fusca, na despedida Frei Damião
agradeceu, me deu uma benção e me desejou boa sorte naquela voz quase
imperceptível.
Quando assumi esta função, uma das principais metas
era “limpar” a carteira de cobrança com duplicatas atrasadas a mais de ano e o
montante era muito grande provocando a demissão do antigo gerente. Coincidência
ou não nessa viagem todas as duplicatas foram pagas e vendas realizadas,
colocando esta filial em boa situação.
Quando lembro este fato me vem à memória a
multiplicação dos pães e peixes, um dos principais Milagres de Jesus.
E hoje como está nossa religiosidade?
E a unidade familiar?
Com certeza está tudo na sua rede social.
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