Pessoalmente admiro o Imperador Pedro II, não só como estadista, como
intelectual e democrata que foi. Pedro II afirmava que era melhor ter uma
oposição propositiva, para ajudar com informações e ideias o seu governo,
apesar das críticas vorazes, do que uma situação lambe-botas e puxa-saco que só
queria cargos e benesses do Império. O principal exemplo desta liberdade de
expressão encontramos na obra do Ângelo Agostini. Quem foi este artista?
Angelo Agostini (1843-1910)
foi um ilustrador, caricaturista, desenhista e pintor italiano, o mais
importante artista gráfico do Brasil na segunda metade do século XIX. Foi um
dos criadores das histórias em quadrinhos no Brasil, foi editor e ativista
político.
Angelo Agostini
(1843-1910) nasceu em Vercelli, no norte da Itália, no dia 08 de abril de 1843.
Ainda criança mudou-se com a família para Paris onde passou a infância e a
adolescência. Em 1858 concluiu seus estudos de desenho. Com 16 anos chegou
a São Paulo acompanhando sua mãe, uma cantora lírica, em turnê pelo país.
Em 1864, junto
com Luís Gonçalves Pinto da Gama e Sizenando Barreto Nabuco de Araújo, fundou o
semanário “Diabo Coxo”, onde fez ilustrações satíricas sobre o império. Em
1866, junto com Américo de Campos e Antônio Manuel Reis, fundou o jornal “O
Cabrião”, um periódico semanal onde ele publicou diversas sátiras sobre a
Guerra do Paraguai, ilustrações dos Padres da Companhia de Jesus, satirizando o
enriquecimento da ordem religiosa e a caricatura do Dia de Finados no Cemitério
da Consolação, levando o jornal a sofrer um processo judicial.
Em 1867, Angelo
Agostini muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa a colaborar com o periódico
“O Arlequim” e em 1868, com a revista “Vida Fluminense”, onde publicou uma história
infantil “Nhô Quim” ou “Impressões de uma Viagem à Corte”, onde os personagens
são caipiras recém-chegados à cidade que convivem ao mesmo tempo com um mundo
que se organiza à margem da corte e com diversas entidades da mitologia rural
brasileira, o que viria a ser a primeira história em quadrinhos do Brasil. Em
1869 passa a colaborar com a revista “O Mosquito”, onde publica uma
caricatura satirizando a tela Passagem de Humaitá, de Victor Meirelles.
Em 1876, Angelo
Agostini fundou a “Revista Ilustrada”, onde publica uma série de caricaturas
onde satiriza as obras apresentadas no Salão de Belas Artes, entre elas as
telas Batalha dos Guararapes de Victor Meireles e a Batalha do Avaí de
Pedro Américo. Na luta pela abolição da escravatura, a revista publica uma
série de caricaturas intitulada “Cenas da Escravidão”, uma referência aos
passos da Paixão de Cristo, com 14 ilustrações que denunciavam as torturas a
que eram submetidos os escravos. A revista se firmou como a mais importante
publicação de variedades do século XIX.
Em 1888, Angelo
Agostini consegue a cidadania brasileira, teve uma filha fora do
casamento, o que causou escândalo na sociedade da época,
e obrigou o artista a viajar para Paris, em 1889, lá permanecendo até
1895, quando retornou ao Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano fundou a
revista “Dom Quixote”, onde publicou “As Aventuras de Zé Caipora”. Em
1905 passou a fazer parte da equipe fundadora da revista infantil “O
Tico-Tico” e cada vez mais dedicado às histórias em quadrinhos. Como
artista plástico, Angelo Agostini participou das Exposições Gerais de
Belas Artes.
Angelo Agostini faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de Janeiro de 1910.
Algumas obras de Angelo Agostini:
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