ANGELO AGOSTINI, UM CRÍTICO DE COSTUMES

on sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Pessoalmente admiro o Imperador Pedro II, não só como estadista, como intelectual e democrata que foi. Pedro II afirmava que era melhor ter uma oposição propositiva, para ajudar com informações e ideias o seu governo, apesar das críticas vorazes, do que uma situação lambe-botas e puxa-saco que só queria cargos e benesses do Império. O principal exemplo desta liberdade de expressão encontramos na obra do Ângelo Agostini. Quem foi este artista?

Angelo Agostini (1843-1910) foi um ilustrador, caricaturista, desenhista e pintor italiano, o mais importante artista gráfico do Brasil na segunda metade do século XIX. Foi um dos criadores das histórias em quadrinhos no Brasil, foi editor e ativista político.

Angelo Agostini (1843-1910) nasceu em Vercelli, no norte da Itália, no dia 08 de abril de 1843. Ainda criança mudou-se com a família para Paris onde passou a infância e a adolescência. Em 1858 concluiu seus estudos de desenho. Com 16 anos chegou a São Paulo acompanhando sua mãe, uma cantora lírica, em turnê pelo país.


Angelo Agostini

Em 1864, junto com Luís Gonçalves Pinto da Gama e Sizenando Barreto Nabuco de Araújo, fundou o semanário “Diabo Coxo”, onde fez ilustrações satíricas sobre o império. Em 1866, junto com Américo de Campos e Antônio Manuel Reis, fundou o jornal “O Cabrião”, um periódico semanal onde ele publicou diversas sátiras sobre a Guerra do Paraguai, ilustrações dos Padres da Companhia de Jesus, satirizando o enriquecimento da ordem religiosa e a caricatura do Dia de Finados no Cemitério da Consolação, levando o jornal a sofrer um processo judicial.

Em 1867, Angelo Agostini muda-se para o Rio de Janeiro, onde passa a colaborar com o periódico “O Arlequim” e em 1868, com a revista “Vida Fluminense”, onde publicou uma história infantil “Nhô Quim” ou “Impressões de uma Viagem à Corte”, onde os personagens são caipiras recém-chegados à cidade que convivem ao mesmo tempo com um mundo que se organiza à margem da corte e com diversas entidades da mitologia rural brasileira, o que viria a ser a primeira história em quadrinhos do Brasil. Em 1869 passa a colaborar com a revista “O Mosquito”, onde publica uma caricatura satirizando a tela Passagem de Humaitá, de Victor Meirelles.

Em 1876, Angelo Agostini fundou a “Revista Ilustrada”, onde publica uma série de caricaturas onde satiriza as obras apresentadas no Salão de Belas Artes, entre elas as telas Batalha dos Guararapes de Victor Meireles e a Batalha do Avaí de Pedro Américo. Na luta pela abolição da escravatura, a revista publica uma série de caricaturas intitulada “Cenas da Escravidão”, uma referência aos passos da Paixão de Cristo, com 14 ilustrações que denunciavam as torturas a que eram submetidos os escravos. A revista se firmou como a mais importante publicação de variedades do século XIX.

Em 1888, Angelo Agostini consegue a cidadania brasileira, teve uma filha fora do casamento, o que causou escândalo na sociedade da época, e obrigou o artista a viajar para Paris, em 1889, lá permanecendo até 1895, quando retornou ao Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano fundou a revista “Dom Quixote”, onde publicou “As Aventuras de Zé Caipora”. Em 1905 passou a fazer parte da equipe fundadora da revista infantil “O Tico-Tico” e cada vez mais dedicado às histórias em quadrinhos. Como artista plástico, Angelo Agostini participou das Exposições Gerais de Belas Artes.

        Angelo Agostini faleceu no Rio de Janeiro, no dia 28 de Janeiro de 1910. 

Algumas obras de Angelo Agostini:


Antonio Conselheiro e a República

Angelo Agostini debochando da visita de conde d’Eu à Escola Militar


De volta do Paraguai

Dom Pedro II era alvo de caricaturas

Preto e amarelo

Viva a República

A Pátria repele os escravocratas

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