TRIBUNA LIVRE
José Roberto Pereira
O INÍCIO DE TUDO - FATOS HISTÓRICOS
Iniciando como
Capitania e posteriormente como Estado Pernambuco (Buraco N’ Água), sempre
esteve à frente de movimentos de libertação. O nativismo teve início nos Montes
Guararapes, onde em duas batalhas memoráveis expulsamos o invasor holandês. A
consciência nacional e a união de brancos, negros e índios na formação do nosso
Exército como unidade de defesa do Território teve início em Pernambuco. Este é
um fato que não se pode negar.
É importante esclarecer
que não fomos atacados pela Holanda como nação e sim pela Cia das Índias Ocidentais,
que era uma empresa de bandeira Holandesa, porém com iniciativa particular de
exploração de riquezas em qualquer parte, sendo Pernambuco escolhido pela sua
riqueza e boa localização para o abastecimento de navios.
Maurício de Nassau,
Gerente desta Empresa, (Cia das Índias Ocidentais), procurou na amizade com
pernambucanos o desenvolvimento desta região, emprestando inclusive dinheiro a
juros baratos para a plantação de cana de açúcar.
Com a transferência de
Maurício de Nassau para Angola, na África, teve início nossa guerra de
libertação e, como já foi falado, o nascimento de nossa consciência como nação.
A Coroa de Portugal
nunca viu com bons olhos esta nossa ideia de autonomia e procurou mutilar nosso
território de todas as maneiras, diminuindo sua força de poder na região
nordestina.
O Século 18 foi aquele
em que Pernambuco sofreu as maiores mutilações em seu Território, passando da
maior Capitania em extensão territorial a um Estado bem menor. As terras
iniciais de Pernambuco iam para Oeste até a divisa do Tratado de Tordesilhas,
assinado entre Portugal e Espanha. A primeira mutilação de suas terras foi em
1715, quando perdeu o Estado do Piauí, pois a primeira Capital desta região foi
OEIRAS, que era considerada dependente de Olinda. O Estado do Piauí passou a
ter sua jurisdição colocada sob a bandeira do Maranhão. Outra grande mutilação
foi quando o Conde de Assumar passou para a Capitania de Minas Gerais (Mello M
1985:47), toda a porção de terra que ficava entre o Rio Carinhanha e as nascentes
do Rio São Francisco. (18 de abril de 1721). As Capitanias eram divididas entre
Gerais e Anexas, sendo Pernambuco classificado como Capitania Geral e
responsável pelo comando das Capitanias anexas do Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba e Alagoas, que era considerada como Comarca de Pernambuco.
Resumindo, todas as
terras do Norte de Minas até o estado do Piauí eram consideradas sob comando
Pernambucano. Para se ter uma ideia, o Ceará passou a ser governado por
Pernambuco de 13 de julho de 1656 até 17 de janeiro de
Esta mudança foi
provisória e, no entanto, perdura até hoje.
OBS.: Quem nasce na divisa de Alagoas e Pernambuco, como é o caso
do autor deste trabalho, não sabe sua naturalidade, pois ama os dois estados da
mesma maneira, como disse o poeta quebrangulense Pacífico Pacato Cordeiro
Manso: “Quem nasce na divisa estes são Pernambulanos“.
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IDEIAS DE LIBERTAÇÃO
PERNAMBUCO REPUBLICANO
A maioria dos países do
mundo era governado por imperadores, ditadores ou reis. O regime de República
era exceção como os Estados Unidos com uma República Democrática muito nova
(iniciada em 1775) e a França com sua República iniciada com a Revolução
Francesa de 1789.
Verifica-se que a
República não tinha a sedimentação necessária como regime e foi com estas ideias
que Pernambuco partiu para modificar seu Estado de Direito em 1817.
Governava Pernambuco
nesta época, CAETANO PINTO DE MIRANDA MONTENEGRO.
Este movimento teve seu
lado de filosofia adquirido no Seminário de Olinda, onde as ideias republicanas
tomaram eco. Foi um movimento de grande importância, pois representou de fato e
de direito o primeiro movimento contra o domínio português no Brasil. Sendo
elaborado com a finalidade principal de organizar um Governo Republicano, este
movimento não teve o êxito esperado, pois não conseguiu alcançar o povo em sua
base como os escravos e os pequenos comerciantes, ou seja, o povo não vibrou
com as mudanças.
Foi simplesmente uma
mudança de liderança e ideias, sem a propaganda devida para alcançar as bases.
Um fato não comprovado afirma que o comerciante Antônio da Cruz Cabugá entrou
em contato com oficiais franceses exilados em Recife para sequestrar o
Imperador Napoleão Bonaparte, que estava preso na Ilha de Santa Helena, e
trazê-lo para Pernambuco. Napoleão seria uma bandeira para a República que
estava nascendo. Caso isto tivesse acontecido, Pernambuco iria criar sérios
problemas com a Inglaterra, o que não seria bom para a causa revolucionária.
JOSÉ DE BARROS LIMA, “O
LEÃO COROADO”, PRINCIPAL ANTEPASSADO.
Nascido em São Lourenço
da Mata-PE em 1764 engajou-se como soldado no Regimento de Infantaria do Recife
em 1783. Foi promovido a Alferes (Tenente), porém encontrou dificuldades em
promoção simplesmente por ser brasileiro.
Apenas em 1794 foi
estudar Matemática em Lisboa e na sua volta foi promovido a Primeiro Tenente do
Regimento de Artilharia em Olinda.
Em 1815 foi promovido a
Capitão, posto que ocupava quando do Movimento Revolucionário em 1817. Nesta
época o Capitão José de Barros Lima já tinha 53 anos de idade.
Da sua família, se tem
notícia de dois filhos: José de Barros Lima Filho e Ana Joaquina de Albuquerque
casada com José Mariano de Albuquerque Secretário Geral do Regimento de
Artilharia em Olinda. Ana Joaquina de Albuquerque tinha nesta ocasião 16 anos
incompletos.
Em 1817, Pernambuco era
governado pelo Sr. CAETANO PINTO DE MIRANDA MONTENEGRO e, segundo o povo:
Caetano no nome, Pinto na coragem e negro nas ações e como se sabe, a voz do
povo é a voz de Deus.
Nesta época Dom João VI
Príncipe Regente do Reino Unido Brasil/Portugal e Algarves, teve a ideia de
conquistar a Guiana Francesa em retaliação pelo que fez Napoleão Bonaparte,
forçando a saída da Família Imperial Portuguesa para o Brasil. Pernambuco teria
que cooperar com 1000 Homens e como não havia motivação no seio da tropa apenas
300 homens se apresentaram para a empreitada.
A elite pernambucana
não se conformava com a situação de caos do Governo Caetano Pinto e teve início
a conspiração republicana.
Várias autoridades de
prestigio participaram deste movimento revolucionário como o ouvidor de Olinda,
Antonio Carlos Ribeiro de Andrada, irmão de José Bonifácio de Andrada
(Patriarca da Independência).
Quando os fatos foram
apresentados ao Governador Caetano Pinto ele achou que os PERNAMBUCANOS DE
DIVERTEM E NADA PODEM FAZER (GALVÃO SV 1910 3 V 209/217). Toda revolta tem o
seu lado romântico e esta de 1817 não poderia ser diferente. O comerciante
Domingos José Martins estava apaixonado por uma filha do Governador e como não
teve acolhido este namoro, o comerciante Domingos José Martins passou a
conspirar contra o seu futuro sogro.
Durante o período que
durou a Revolução, Domingos José Martins casou com a filha do Governador na
igrejinha da Jaqueira, em Recife, teve uma lua de mel atribulada e acabou
fuzilado, tudo isso em menos de 2 meses.
Recebendo uma denúncia
formal, o Governador solicitou ao Brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa de Castro e
ao General José Roberto Pereira da Silva que fossem verificar o que de fato
estava acontecendo. Prepotente, desumano, grosseiro e imprevidente, o
Brigadeiro Barbosa de Castro se dirigiu aos oficiais brasileiros com palavras
não amistosas, provocando-os a todos.
Todos os oficiais
brasileiros estavam armados e o clima ficou tenso entre eles.
Neste instante, foi
preso o Capitão Domingos Teotônio Jorge Pessoa da Veiga (tronco inicial das
famílias Pessoa e Veiga).
O Capitão Domingos
Teotônio Jorge, sob protesto, gritava TRAIÇÃO! TRAIÇÃO!
Na sequência dos fatos,
seria preso o Capitão José de Barros Lima, o qual puxou da espada e, junto com
seu genro, Capitão José Mariano de Albuquerque, matou o enviado do Governador,
Brigadeiro Manoel Joaquim Barbosa de Castro.
Os descendentes destes
três Capitães, José de Barros Lima, Domingos Teotônio Pessoa da Veiga e José
Mariano de Albuquerque, tornaram-se fugitivos e que foram para o Sul de
Pernambuco.
Para não ficarem
isolados no movimento, os patriotas enviaram emissários para os estados
vizinhos. Para a Bahia, foi enviado José Inácio de Abreu e Lima, conhecido como
Padre Roma, pois tinha sido seminarista
Já como General, Abreu
e Lima foi o braço direito de Simão Bolívar na libertação dos países como
Bolívia, Colômbia, Venezuela.
Vale salientar que,
quando da morte do General Abreu e Lima, o mesmo por ser maçom, não pode ser enterrado
em cemitério católico, sendo seu corpo sepultado no cemitério dos Ingleses em
Recife.
Um fato que merece
comentário nesta revolução foi à figura de José Carlos Mayrink da Silva Ferrão.
Tinha sido Secretário do Governador Caetano Pinto, seguiu no posto com os novos
governantes revolucionários e continuou no posto, após o movimento ser vencido,
ainda como Secretário do Governo seguinte à revolução que foi chefiado pelo
General Luís do Rego Barreto.
Ficar no poder em
situações tão diferentes só tivemos bem mais tarde o Pernambucano Marco Antônio
de Oliveira Maciel que passou por diversos governos sem perder o poder.
O sonho da República em
Pernambuco durou pouco, pois entre março de
Os amigos e quase
irmãos, Capitães José de Barros Lima e Domingos Teotônio Jorge Pessoa da Veiga
foram presos em Paulista em 6 de junho de 1817.
Já no dia 20 de junho
foram fuzilados na Praça da República,
Apesar de tudo isto, o
espírito do Pernambucano em se tornar independente não morreu e, movimentos
posteriores como a Convenção de Beberibe e a Confederação do Equador, provam
esta tenacidade revolucionária.
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